quarta-feira, 31 de julho de 2013

Após meses ligado à máquina, mecânico volta para casa com coração novo e realiza desejo


O brasileiro de 37 anos recebeu alta. Em abril, ele se casou ainda no leito e revelou ao JN a vontade de realizar um desejo simples: aproveitar a geladeira que ganhou de presente da equipe do hospital.


Depois de cinco meses dependendo de uma máquina para viver, um brasileiro de 37 anos recebeu alta, nesta terça-feira (30), de um hospital de São Paulo. E foi para casa, em Minas Gerais, com um coração transplantado.
A cada passo um abraço, e foram muitos hoje. Passos, abraços, e lágrimas de emoção de quem vê o ofício de cuidar da vida valer a pena.
“Não dá nem para explicar. É muito bom”, diz uma funcionária. “É para isso que a gente vem aqui todos os dias, para cuidar de verdade e para mostrar que vale a pena e que a gente tem que acreditar na vida”, afirma a enfermeira Ticiane Campanili.
O homem que caminha e recebe carinho pouco lembra o noivo que encontramos aguardando por um transplante de coração no Incor. Naquela manhã de abril o casamento feito no leito  tinha o destino incerto da doença grave e da espera por um órgão. Tinha o amor imenso de Gislene e a esperança de William de realizar um desejo simples: aproveitar a geladeira que ganhou de presente da equipe do hospital.
“Agora só falta um coração novinho para ir lá tomar essa água gelada”, brincou William.
O desejo está cada vez mais perto de se realizar. Será que o casamento deu sorte? “Com certeza. Se eu soubesse, já tinha casado bem antes”, ressalta William.
O amor tem tudo a ver com essa história. Ele ajudou William a suportar a espera que terminou também por um gesto de amor, de amor ao próximo. Dois meses e 19 dias depois do casamento, William recebeu um coração.
“Quando eu cheguei aqui o vi totalmente transformado. Eu disse: ‘Nossa, está tudo bem”, conta a mulher de William.
O resultado de um transplante é quase sempre assim imediato. Por isso a equipe do Incor gostaria de fazer mais que a média de 20 por ano. Para avançar é preciso que todo o sistema de saúde esteja alerta para comunicar mortes cerebrais e cuidar dos órgãos que serão doados. É preciso ser solidário.
“O sucesso do transplante do William só aconteceu pela benevolência e pela compaixão de uma família que em um momento de dor foi capaz de doar os órgãos. Uma retomada de vida, para ele, plena", explica o coordenador do Núcleo de Transplantes do Incor, Fernando Bacal.
William já deu demonstrações disso. A alegria dele agora é também presente para quem, como Tábata Souza Macenas, segue esperando um coração.
"Ele operou um dia antes do meu aniversário. Eu fiquei super contente, foi praticamente um presente para mim”, diz a estudante.
No fim do dia, já em casa, William pode comemorar como tanto queria: tomando a água gelada da geladeira nova.
Segundo o Ministério da Saúde, 225 pessoas estão hoje na fila do transplante de coração

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