quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Apenas 40% das famílias autorizam a doação de órgãos

Clipping do BOM DIA:

No Brasil, em 60% das situações de possível transplante, a família da pessoa morta diz não; aproveitamento supera a marca de 80% na Espanha 

Juca Guimarães, Agência BOM DIA
Nos seis primeiros meses do ano, o percentual de autorizações para a doação de órgãos no país foi de 40%. Em São Paulo, ela ficou em 34%, superando, por exemplo, o Rio de Janeiro, que teve aproveitamento de 21,4% nos casos de potenciais doadores que tiveram os órgãos transplantados para outra pessoa após a autorização dos familiares. Na Espanha, porém, tal índice é de 80%, ou seja, apenas duas em cada dez famílias dizem não à doação de órgãos quando questionadas pelos profissionais de saúde.
O presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), Tadeu Thomé, acredita que a falta de informação é a responsável pelo baixo desempenho nas doações.
“As famílias, muitas vezes, não sabem qual era a vontade do parente morto em relação à doação de órgãos”, disse.

PreparoOutro fator que interfere negativamente na decisão familiar é a preparação do profissional que faz a proposta. “É uma tarefa difícil. Existem vários cursos de capacitação para esses profissionais nessa etapa importante da doação. Até se sentir seguro nesta tarefa, o profissional deve ser acompanhado por outro mais experiente”, disse Thomé.
A professora Sônia Perroti autorizou a doação das córneas do marido, José Paulo, morto em 1992, vítima de um assalto. A filha do casal, Paola Perroti, que na época tinha 5 meses de idade, apoia a doação.

BOM DIA - Como foi a decisão de doar os órgãos de seu marido?
SÔNIA PERROTI - Ele sempre desejou ser doador. Quando ele morreu, foi meio automático. Perguntaram para mim se eu desejava algo e eu disse: “Doar os órgãos”. Só as córneas puderam ser aproveitadas por conta do tipo de morte.

O que mais pesou em favor da doação dos órgãos?
O fato de que ambos sempre discutíamos esse assunto e sempre foi nossa opção sermos doadores de órgãos.
Você procurou alguma informação sobre o paciente que recebeu a doação?
Posteriormente eu conversei com a assistente social do hospital sobre isso, mas esse tipo de informação é confidencial.

O que vocês diriam para uma família que tem dúvidas sobre doar ou não os órgãos?
Doar é um ato de amor ao próximo, de altruísmo. Quem está vivo, precisa dos órgãos para permanecer vivo.
PAOLA - Eu me sinto bem em saber que tem alguém enxergando por causa da decisão de minha mãe de doar as córneas. É um ato de generosidade com alguém que precisa e traz paz para a família do doador.

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