quarta-feira, 26 de setembro de 2012

27 de Setembro: Dia do Doador de Órgãos


O Brasil e o Rio Grande do Sul avançam ano após ano na questão da doação de órgãos. Ainda assim, enquanto celebra-se o dia do doador de órgãos, 1628 gaúchos vivem a angústia da espera por um transplante. Os números são do relatório do primeiro semestre de 2012 da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).  O poder de fazer a diferença na vida destas pessoas está em cada cidadão. Basta ter um conversa em casa, deixando clara a vontade de ser doador de órgãos. Pela legislação brasileira cabe à família a decisão sobre a doação.
Conforme  a ABTO o Rio Grande do Sul chegou a 15,9 doadores efetivos por milhão de pessoas ao ano. Por trás destes números está a esperança de uma nova vida para quem precisa de um doador.
A Assembleia Legislativa, através da Frente Parlamentar de Estímulo à Doação de Órgãos, coordenada pelo deputado Adilson Troca, estabeleceu uma rede de parcerias com entidades, sindicatos, conselhos profissionais e poderes para potencializar o aumento no número de doadores. “Esta é uma causa de toda sociedade. Precisamos avançar constantemente na conscientização das pessoas. O sucesso das campanhas de doação de órgãos depende do engajamento da população com a causa e é para isso que trabalhamos”, explica o Troca.
Este 27 de setembro tem seu mérito reforçado por ser uma oportunidade de dar mais visibilidade para a doação de órgãos. É mais uma oportunidade para que cada um reafirme sua decisão de ser doador de órgãos e converse com suas famílias e amigos sobre o assunto.
Mais informações sobre a doação de órgãos podem ser obtidas em www.serdoador.blogspot.com e www.facebook.com\soudoador

Confira algumas respostas às dúvidas mais frequentes sobre Doação de Órgãos:

Como posso me tornar um doador de órgãos?O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.

O que é morte encefálica?É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. é fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sangüínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.

Quais os requisitos para um cadáver ser considerado doador?* Ter identificação e registro hospitalar;
* Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
* Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
* Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
* Submeter-se a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral; e
* Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas. Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.

Quero ser um doador de órgãos. O que posso doar?* Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);
* Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
* Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
* Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
* Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
* Pele; e
* Valvas Cardíacas.

Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.

Como garantir que meus órgãos não serão vendidos depois da minha morte?As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.

Disseram-me que o corpo do doador depois da retirada dos órgãos fica todo deformado. Isso é verdade?É mentira. A diferença não dá para perceber. Aparentemente o corpo fica igualzinho. Aliás, a Lei é clara quanto a isso: os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!

Posso doar meus órgãos em vida?Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.

Para doar órgãos em vida é necessário:* ser um cidadão juridicamente capaz;
* estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
* apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
* Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e
* Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.

Orgãos e tecidos que podem ser doados em vida:* Rim;
* Pâncreas;
* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
* Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%); e
* Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).

Quem não pode doar?* Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
* Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
* Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e
* Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.

O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.

Como pode ser identificado um doador de órgãos?A Centrais Estaduais também têm um papel importante no processo de identificação/doação de órgãos. As atribuições das CNCDOs são, em linhas gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores; o recebimento de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado para o redirecionamento dos mesmos para outros estados, dentre outras. Cabe ao coordenador estadual determinar o encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de espera. O que é realizado com o auxílio de um sistema informatizado para o ranking dos receptores mais compatíveis.

A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais onde os mesmos estão internados, através das Comissões Intra-hospitalares de Transplante, nas UTIs e Emergências em pacientes com o diagnóstico de Morte Encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das Unidades de Tratamento Intensivo e dos Serviços de Urgência e Emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos, sob cuja coordenação esteja possibilitando o adequado fluxo de informações.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Conheça os caminhos do transplante de órgãos e tecidos para a doação (ABTO na Globo)


Fonte: Globo
Ao detectar a morte encefálica de um paciente, e ficar comprovado que todas as funções do cérebro pararam de funcionar de maneira irreversível, a equipe médica envolvida tem o direito, e o dever, de levar à família a possibilidade de se fazer a doação dos órgãos da vítima. Nesse momento, os parentes mais próximos – e somente eles – terão que lembrar se o paciente deixou claro para alguém se gostaria de ser um potencial doador porque somente eles poderão autorizar as cirurgias. “É importante que pessoas deixem isso muito claro para seus familiares e peçam que sua vontade seja obedecida”, diz o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes de São Paulo Agenor Spallini Ferraz.

O hospital fica com a incumbência de avisar à Central de Notificação, Captação de Órgãos e Tecidos (CNCDO) do Estado, responsável por comunicar o Sistema de Informações Gerenciadas (SIG) e espera que a Coordenação Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos Humanos (CIDOTH) converse com a família. Assim, a CNCDO inicia o processo de distribuição estadual, respeitando aos critérios pré-estabelecidos para seleção de receptores.

Com base no ranking gerado, inicia-se a oferta de órgãos às equipes, que contatam seus receptores no intuito de verificar disponibilidade e condições clínicas. Caso a Central de Notificação, Captação de Órgãos e Tecidos não possua receptores aptos para o órgão do doador, a central repassa a oferta para outra esfera (Central Nacional de Transplantes - CNT), que distribui o órgão de acordo com a regionalização e os critérios estabelecidos para seleção de receptores.

Nesse momento, as decisões precisam ser tomadas com muita rapidez. O prazo máximo para que a cirurgia seja feita após a retirada do órgão varia de acordo com cada tecido, mas cada órgão tem um prazo curto para ser transplantado.

A cirurgia de coração e de pulmão são as mais urgentes e devem ser feitas no prazo de até 4 horas. Depois vem a do fígado, do rim e do pâncreas, com até 12 horas. A operação dos dois rins pode ser feita em até 36 horas. Já a córnea pode ser transplantada em até 7 dias. A facilidade ajuda a aumentar os números de cirurgia de córneas, além do fato de se tratar de uma operação que pode ser feita em ambulatórios, sem necessidade da internação do paciente.

Por outro lado, o transplante de coração é um dos mais complexos e exige uma verdadeira corrida contra o tempo, já que a isquemia do órgão – período em que pode ficar fora do corpo humano – é de apenas 4 horas.
Do outro lado, o paciente é comunicado da disponibilidade do órgão. Nesse momento, ele pode se recusar a fazer o procedimento cirúrgico. Caso aceite, ele é encaminhado ao hospital. Existe um período pós-operatório onde o receptor fica sob observação médica, que varia de acordo com cada órgão. Cabe ao Sistema Nacional de Transplantes fazer exames periódicos no paciente. “Estamos aprimorando cada vez mais o nosso sistema de pós-operatório para acompanharmos permanentemente os pacientes e evitar as complicações relativas ao transplante ou à imunossupressão”, conta o secretário de Atenção à Saúde Helvécio Magalhães.

Para estimular os usuários do Facebook, a rede social e o Ministério da Saúde anunciaram, em julho passado, uma parceria para incentivar a doação de órgãos no país. A nova funcionalidade pretende estimular os usuários a expressarem seu desejo de ser um doador de órgãos no país, além de agregar e cadastrar possíveis doadores, entre os mais de 37 milhões de usuários do Facebook no Brasil, além de divulgar a causa e mostrar a importância de expressar a vontade de doar os órgãos e tecidos.